quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Tempo



Passou tanto tempo, desde a última vez...
Passaram dias e mais dias.
Passaram sentimentos, risos, lágrimas e ainda mais e novos sentimentos.
Passaram horas de esperança, horas de desespero, horas de tristeza, horas de alegria, horas de compreensão e de desentendimento, horas de trabalho e horas de descanso. Horas de viagem, horas de lar, doce lar.
Tempos de mudança, tempos iguais aos outros tempos.

A última vez que aqui escrevi foi quando completei 35 anos... Já se passou tanto e já passei por tanto desde esse dia. Revisitar o meu blogue hoje, foi como que viajar no tempo, andar para trás quase cinco (!) meses. C I N CO   L O N G O S   M E S E S

No dia 20 de outubro de 2013 começava a desmoronar parte da minha existência, sem assim me aperceber que iria começar nesse dia... No dia 14 de novembro de 2013 o meu pai deixou-me, deixou-nos. Quase um mês de sufoco, de impotência, um mês entre hospitais, médicos, ambulâncias e muito desespero. Agora, olhando para trás e sem a cortina de lágrimas, entendo que tinha chegado o momento da sua partida e não poderíamos ser egoístas ao ponto de o querer mais connosco. Felizmente partiu sem grande sofrimento, sem grande dor física.

 Senti, pela primeira vez, a dor dilacerante no meu coração. Indescritível. Dói. Dói só de recordar.

Certa de que a tua presença na minha vida moldou-a da melhor forma, as tuas marcas em mim permanecerão para sempre e agradeço-te por teres deixado tamanha herança: a minha maneira de ser, a minha forma de ver a vida. 
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Para balançar um pouco o coração e aquecê-lo de sentimentos positivos, passados uns dias a minha pequena e muito querida família (eu, o meu marido e o meu filhote) fomos selecionados, por meio de um concurso, para participarmos num videoclip de Pedro Abrunhosa - "Voámos em contramão". Um história de ternura, de amor e carinho e nós estivemos lá. Foi lindo e valeu bem os quilómetros percorridos de Lagos ao Porto. Uma recordação que pedurará para sempre. Em simultâneo, e por estes dias, choro com a grande música "Para os braços da minha mãe".

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Entre aniversários diferentes, marcados pela tua ausência, chegámos ao Natal. Passou. Noite de alegria para o pequenote e de nostalgia para mim. A tua ausência. Sempre a tua ausência. O dia de Natal foi abrilhantado pelo baptizado do meu (teu) pequeno, mas a tua ausência continua a doer e a corroer. A passagem de ano. A noite da passagem de ano é sempre, para mim, o fechar de um ciclo e o início de outro. Desde há alguns anos para cá que não como as doze passas, não subo para cima de nada, não bebo o horrível do champanhe, não festejo a dançar, nem com grandes "tontices". Simplesmente penso e desejo que os próximos trezentos e sessenta e cinco dias da minha existência sejam aquilo que de melhor eu consiga fazer com eles. Escorrem as lágrimas porque termina o ano em que partiste. Nada mais importa. Quero ir descansar, dormir e acordar com um novo fôlego pela manhã e acreditar que dois mil e catorze será mais brando comigo.

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Aproxima-se a passos largos o mês da primavera, das flores, das cores, do sol que tanta falta me faz. Desejosa de fechar o capítulo do inverno, pois os dias cinzentos deixam-me ainda mais cinzenta e amarga. Quero a tua doçura nos dias quentes e cheios de luz.

Obrigada PAI. Até sempre.

S. S.




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