Hoje o mundo chora (outra vez).
Hoje as lágrimas caem e constrói-se (mais um pouco de) história.
Da nossa história.
Da nossa (des)humanidade.
Daqui a uns (não muitos) anos os manuais de História dos nossos filhos, dos nossos netos, dos nossos bisnetos irão descrever e mostrar o horror que se viveu em Bruxelas...
Paris...
Madrid...
Londres...
Nova Iorque...
Bali...
...
...
...
Hoje o mundo chora (outra vez).
Hoje constrói-se história à custa da destruição de vidas, vidas como a minha, vidas como a tua.
Hoje, tal como ontem e anteontem, certas pessoas (!) pensam e agem de forma que nenhum coração entende, nenhuma razão percebe e nenhuma religião defende.
Mas infelizmente, hoje, tal como ontem e anteontem, ouvem-se (mais uma vez) culpar os que fogem da guerra, os que fogem do sangue, os que fogem da destruição, os que vencem o medo e ganham coragem. Perdem-se vidas. Todos os dias. Vidas como a minha, vidas como a tua.
Hoje, tal como ontem e anteontem, não consigo perceber essa minoria que coloca num grupo de pessoas a culpa do que não tem desculpa.
Saberão eles o significado de "refugiado"?
Saberão eles o significado de "terrorismo"?
Saberão eles que os que se fazem explodir, não precisam de arriscar a vida a atravessar, em condições desumanas, o mar Egeu?
Saberão eles que os que se fazem explodir vivem em melhores condições que nós?
Saberão eles...
O que saberão eles para, do fundo daquele pensamento redutor, transmitir às nossas crianças e aos nossos jovens, a ideia de que os refugiados são terroristas?
O que saberão eles para, do fundo daquele pensamento (tão) redutor, mostrarem na vida e nas redes sociais, atitudes tão assustadoramente xenófobas.
O que saberão eles...
Ando cansada destas pessoazinhas... Sim, pessoazinhas...
Criticam estes e aqueles.
Criticam os refugiados.
Criticam os que apoiam os refugiados.
Criticam os homossexuais.
Criticam os que defendem os homossexuais.
Criticam as lésbicas.
Criticam os que defendem as lésbicas.
Criticam estes, aqueles e ainda os outros, apenas porque sim.
Tão bom serem melhores que todos.
Estas pessoazinhas, que do alto da sua santíssima ignorância, dizem tantos e tantos disparates e, pior, transmitem muitas dessas tristes ideias aos filhos, às filhas, a toda uma nova geração que não compreende as notícias que abrem os telejornais...
Que tristeza de mundo é este onde é tão difícil encontrar a tolerância?
Eu sei, também mostro pouca tolerância com estas minhas palavras de hoje, mas há pensamentos, atitudes e dizeres que me tiram do sério e que me deixam com um enorme ponto de interrogação no coração, na mente e penso sobre tudo isto.
É difícil explicar o que leva uma pessoa a fazer-se explodir para matar outros.
É difícil explicar porque está aquele barco cheio de pessoas meio-vivas.
É difícil explicar porque traz o mar um corpo de uma criança inocente.
É difícil explicar o mal, a morte, o ódio.
É fácil explicar o amor.
É fácil explicar a amizade.
É fácil explicar a tolerância, a ajuda, a partilha, um sorriso, um abraço.
É fácil explicar o bem.
É difícil viver num mundo onde a crítica é fácil e fútil.
"Ninguém sai donde tem paz" (Pedro Abrunhosa)
22/03/2016
#prayforbrussels
S. S.
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